jeudi 12 juillet 2007
Portas e Janelas
Sim, eu o mataria um pouco aquela noite, só um pouco pensei ingênua e com a esperança dos crédulos inexperientes me impulsionando por dentro. Era óbvio que eu sangrava, que doía, mas onde fica a parte que isso importa?
Mais um pouco pensei e parecia simples pensar assim. Então senti algo escorrer quente e úmido por entre meus dedos. Lembrei de como fora fácil chegar até ali, portanto, as portas de saída não estavam longe. Aquilo não era um labirinto, não eram essas as lembranças. Em minhas recordações havia muitas portas e janelas pelo caminho e através delas, eu via o mundo externo e acessível.
Porém agora, todos os cômodos pareciam sem oxigênio e respirar era urgente, mas eu queria matá-lo mais um pouco antes de percorrer a possibilidade das portas e janelas abertas. Pensando assim, o pressionei repetidas vezes, sentindo como era quente e úmido fazer aquilo.
Eu precisava de mais ar, mais densidade e força. Necessitava feri-lo na mesma proporção da náusea e da dor. Talvez em algum momento eu o ouvi murmurar algo, mas era impossível, não havia mais aqueles fios com poder transformadores de realidade clássica e cuidadosamente planejados para confundir e ampliar as sensações do impossível.
Sim, era urgente respirar, era urgente sair, mas também era urgente ficar e ter esperanças, mas tudo que eu precisava naquele momento era sentir nele um pouco de abismo e vê-lo perder aquela sensação de conforto, de plenitude, confiança e êxtase.
Ele era o retorno, a sensação de lar, por isso eu tentei matá-lo um pouco. Não era apenas por minha respiração suspensa ou pelo que conseguia ver através das janelas transparentes, mas eu queria perder o caminho de volta e pelo menos daquela vez, ter a ilusão de um eterno irreversível.
Laura T.K.V.
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